Nosso Rio Guri

Nosso Rio Guri

terça-feira, 23 de junho de 2009

Encontro das águas

Vários rios e arroios de nove regiões em Romaria

O movimento Romaria das Águas, há 15 anos, vem buscando sensibilizar a população para a importância da preservação dos recursos hídricos, a partir da organização nas comunidades cujos rios abastecem o lago Guaíba, em Porto Alegre/RS. Guaíba, em tupi-guarani, significa o “encontro das águas”. Numa ação crescente, procura ao longo do ano conscientizar para uma relação de respeito e cuidado para com os rios, arroios, nascentes e toda a biodiversidade envolvida. No dia 12 de outubro celebra o encontro destas águas, a beira do Guaíba, reunindo todas as comunidades envolvidas.

No ano de 2008 Canoas teve participação integrada na 15ª Romaria das Águas através de vários segmentos da cidade. Reuniões de organização ocorreram aqui, entidades canoenses participaram na criação da primeira cartilha da Romaria. Também, pela primeira vez, Canoas recebeu a imagem de Nossa Senhora e participou com as águas da nascente do Arroio Araçá, que, reunidas com as águas das nascentes dos rios Sinos e Gravataí, quando aqui chegaram, percorreram em Romaria pela cidade, chamando a população para a reflexão e conscientização, até serem entregues ao Guaíba no dia 12 de outubro.
Neste ano já iniciaram encontros das lideranças com o Irmão Antonio Cechin, idealizador do evento, para a articulação da 16ª edição.

Guaíba, em tupi-guarani, significa o “encontro das águas”.
Bacia do Guaíba - as águas de vários mananciais afluem e convergem para se encontrarem.

Região – ALTO JACUÍ
A nascente do Jacuí, rio responsável por 85% das águas que formam o lago Guaíba, localiza-se em Passo Fundo. O rio é represado pelas barragens de Passo Real, Ernestina e Itaúba. No verão, alguns trechos têm sua vazão regulada pelas águas liberadas pelas turbinas das hidroelétricas, causando problemas de navegação e abastecimento. A economia da região caracteriza-se pelo uso intensivo do solo para agricultura e pecuária.

Região –VACACAÍ MIRIM
O cultivo do arroz irrigado coincide com a época de menor disponibilidade de água, gerando o principal conflito de uso da região. O rio Vacacaí nasce em São Gabriel, passando por Santa Maria até desembocar no rio Jacuí. O solo é ocupado por latifúndios, com pecuária extensiva e agricultura. A bacia tem o menor parque industrial da Região Hidrográfica. Os principais municípios são Santa Maria, São Sepé e São Gabriel.

Região - BAIXO JACUÍ
A extração de carvão é intensa na Bacia, causando grande impacto ambiental, principalmente em Charqueadas e São Jerônimo. Outra característica é o uso intensivo do solo para pecuária e agricultura. No curso inferior, o rio Jacuí passa pelo Pólo Petroquímico de Triunfo. Destaque-se, na região, a indústria química, de plástico, borracha, siderurgia e produtos alimentares.

Região – PARDO
A principal demanda de água nesta Bacia é das lavouras de arroz irrigado, chegando a 90% do total dos recursos hídricos entre os meses de dezembro e fevereiro, justamente na época de baixa vazão do rio. A produção de tabaco também é uma atividade importante, causando grande impacto ambiental devido ao uso de agrotóxicos. Em Candelária está sendo desenvolvido um projeto de criação de um museu paleontológico, a partir da descoberta de fósseis de grande valor científico. Possuí área de 3.703,88 km2 e população estimada em 202.932 habitantes, abrangendo municípios como Candelária, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, Soledade e Venâncio Aires. Os principais cursos de água são os rios Pardo, Pardinho e Pequeno e os arroios Andréas e Francisco Alves. O Rio Pardo tem sua nascente ao norte da bacia, na cidade de Barros Cassal, e desembocadura no Rio Jacuí, na cidade de Rio Pardo. O principal uso da água nesta bacia se destina à irrigação. A exploração agrícola intensa e o desmatamento das encostas declivosas causam graves problemas de erosão. A poluição hídrica gerada por efluentes de origem humana e animal e pelo uso de agrotóxicos são outro grande problema encontrado na bacia. (
http://www.sema.rs.gov.br/sema/jsp/rhcompar.jsp)

Região – TAQUARI – ANTAS
Nesta Bacia há um grande impacto ambiental causado pelo uso de agrotóxicos na cultura da maçã, e pelo despejo de esgotos da Aglomeração Urbana do Nordeste. Há dificuldade de acumulação natural de água. O rio das Antas nasce nos municípios de Cambará do Sul e Bom Jesus, no Planalto. Na confluência com o rio Turvo, passa a se chamar Taquari, desembocando no rio Jacuí, em Triunfo. A principal atividade é a pecuária. A paisagem muda em Antônio Prado, com a atividade agrícola. Abrange as províncias geomorfológicas do Planalto Meridional e Depressão Central, abrangendo municípios como Antônio Prado, Veranópolis, Bento Gonçalves, Cambará do Sul, Carlos Barbosa, Caxias do Sul, Estrela e Triunfo, com população estimada de 1.134.594 hab. Os principais cursos de água são o Rio das Antas, Rio Tainhas, Rio Lageado Grande, Rio Humatã, Rio Carreiro, Rio Guaporé, Rio Forqueta, Rio Forquetinha e o Rio Taquari. O rio Taquari-Antas tem suas nascentes em São José dos Ausentes e desembocadura no Rio Jacuí. A captação de água na bacia destina-se a irrigação, o abastecimento público, a agroindústria e a dessedentação de animais. A Bacia do Taquari-Antas abrange parte dos campos de cima da serra e região do Vale do Taquari, com predomínio de agropecuária, e a região colonial da Serra Gaúcha, caracterizada por intensa atividade industrial.
(
http://www.sema.rs.gov.br/sema/jsp/rhcomtaqan.jsp)

Região - CAÍ
O impacto ambiental na bacia é o grande volume de esgotos doméstico da região de Caxias do Sul O maior, na serra gaúcha. O relevo acidentado da região dificulta o depósito da água da chuva, impedindo a diluição dos resíduos, e diminuindo a disponibilidade de água para as atividades agrícolas. Em Triunfo, o rio recebe os efluentes do Pólo Petroquímico do Sul. Há um grande impacto ambiental em Feliz, causado pelos agrotóxicos usados na cultura do morango, resultando na maior concentração de produtos químicos da Região Hidrográfica do Guaíba: 11 kg/ha. O setor coureiro-calçadista também é importante, assim como o metal-mecânico - na região serrana encontra-se um dos principais pólos brasileiros de autopeças.

Região - SINOS
Berço do primeiro comitê de gerenciamento de bacia hidrográfica do Brasil, o rio dos Sinos é considerado o mais poluído da região, pois tem o maior parque industrial, com destaque para a indústria coureiro-calçadista. Tem também indústrias do setor petroquímico e metalúrgico. O setor primário é pouco desenvolvido, com agricultura e pecuária somente no seu curso superior.
Abrange os municípios como Campo Bom, Canoas, Gramado, Igrejinha, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Taquara e Três Coroas, com população total estimada em 1.248.714 hab. Os principais corpos de água são o Rio Rolante, O Rio da Ilha, O Rio Paranhana e o Rio dos Sinos. Este último tem sua nascente na cidade de Caraa e desembocadura no delta do Jacuí. Os principais usos da água na bacia estão destinados ao abastecimento público, uso industrial e irrigação. As áreas mais conservadas encontram-se a montante da bacia. O grande problema encontrado é o despejo de efluentes industriais e principalmente domésticos sem tratamento nos cursos de água no seu trecho médio-baixo.
(
http://www.sema.rs.gov.br/sema/jsp/rhcomrios.jsp)

Região GRAVATAÍ
O rio Gravataí, incapaz de realizar a regulação natural de sua vazão, é considerado o mais sensível da região. O Banhado Grande, que funciona como uma esponja regulando as vazões à montante, foi bastante impactado pelas lavouras de arroz irrigado, reduzindo a capacidade de acumulação de água. As principais indústrias são a automobilística, (a montadora da General Motors retira água da bacia do Gravataí), mecânica, de produtos alimentares e bebidas.
Abrange os municípios como Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Gravataí, Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha e Viamão. Os principais cursos de água são o Rio Gravataí e os arroios Veadinho, Três Figueiras, Feijó, Demétrio, da Figueira e do Vigário. A Bacia do Gravataí ainda abrange os banhados do Chico Lomã, Grande e dos Pachecos, importantes ecossistemas naturais. Os principais usos da água são abastecimento público, diluição de esgotos domésticos e efluentes industriais e irrigação de lavouras de arroz.(
http://www.sema.rs.gov.br/sema/jsp/rhcomgra.jsp)

Região - LAGO GUAÍBA
As águas dos rios Gravataí, Sinos, Caí e Jacuí desembocam no Delta do Jacuí, formando o Lago Guaíba que banha os municípios de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Guaíba, Barra do Ribeiro e Viamão. Os principais impactos ambientais são o escoamento de esgoto da capital e das águas poluídas dos rios Gravataí e Sinos. As principais indústrias são de produtos alimentares, metalurgia e celulose.

FONTE -
www.proguaiba.rs.gov.br

terça-feira, 16 de junho de 2009

Desenvolvimento do projeto em 2008

Com o objetivo de divulgar a importância sócio-cultural e ecológica do Arroio Araçá, o projeto do 'rio guri' vem realizando um trabalho transdisciplinar, incentivando a comunidade para a participação nos programas educacionais e políticas públicas, visando o cuidado e a preservação do meio ambiente de Canoas na busca da sustentabilidade.
A transdisciplinaridade é um sistema de níveis e objetivos múltiplos com tendência à formação de uma rede com poder de ação. Sua coordenação é móvel com vistas a uma finalidade comum. Não busca o domínio de disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e ultrapassa o tema abordado. Assim, o Projeto Arroio Araçá: Nosso Rio Guri reúne sujeitos aprendentes de cada segmento da sociedade para conhecerem as informações, muitas vezes fragmentadas, construindo novo conhecimento e permitindo uma compreensão globalizada das questões que envolvem o meio ambiente da cidade a partir deste manancial, para agirem e interagirem através de múltiplas dinâmicas e atividades abertas, na busca de informação e solução das problemáticas. As escolas são parceiras no desenvolvimento desta proposta de fortalecimento de uma rede de relação, que reconhece a importância e a interdependência de todos nos fenômenos do cotidiano. Os apoiadores divulgam, colaboram e incentivam através de iniciativas socioambientais. O Projeto do Rio Guri busca contribuir e complementar a abordagem disciplinar; fazer emergir através da pesquisa e do confronto das disciplinas novos dados que as articulam entre si, oferecendo uma nova visão da natureza e da realidade local.


Uma Grande ação intersetorial, Mutirão de Limpeza realizado pela comunidade em oito pontos diferente na Bacia do Arroio Araçá, abrindo a Semana do Meio Ambiente.

Em 2008, cada escola e cada apoiador contribuiu a partir de sua realidade e conforme suas condições da seguinte forma:

  • E.M.E.F. Tancredo A Neves – foi a primeira escola a desenvolver o projeto desenvolvendo caminhadas e trabalhos escolares. Em 2008 não articulou nenhuma atividade.
  • Escola de Educação Infantil Cofrinho de Mel - construiu projeto Ambiental específico sobre o Arroio Araçá, organizou reuniões com professores e pais, organizou mutirão no ponto do Bairro Bela Vista, participou de exposição no SEMPA, na coleta das águas, em reuniões...
  • Escola Estadual Gomes Jardim – iniciou colaborando com caminhadas organizadas pelas escolas anteriores e passou a divulgar o projeto aos professores através de encontros com a professora articuladora e participação no mutirão e nas reuniões do projeto.
  • EEPG Prof Margot Terezinha Noal Giacomazzi - ofereceu palestras, feiras e, através da Garra Tribo teve educandos produzindo letra e música para o Arroio Araçá, organizou mutirões, participou de reuniões, na coleta de águas e no ato em defesa da natureza de Canoas...
  • EMPGI João Paulo I – organizou feiras, possui mural específico para o projeto, teve educandos produzindo letras de rap e dança para o Arroio Araçá, participou da exposição no SEMPA, de reuniões, do mutirão e do ato em defesa da natureza...
  • Colégio Espírito Santo - ofereceu palestra, organizou exposição e reuniões mensais com professores sobre o tema do Projeto do Rio Guri, organizou participação no mutirão no ponto do arroio na avenida Inconfidência, participou em reuniões do projeto...
  • Escola ULBRA Paz - ofereceu palestra, organizou gincana, organizou o mutirão de limpeza no arroio no ponto da Av. Nazário, realizou feira incluindo a divulgação da ação no Araçá...
  • APOIADORES - Secretaria Municipal de Preservação Ambiental – SEMPA – participou em reuniões do projeto, apoiou no mutirão de maio, convidou para exposição na semana do meio ambiente;

  • Associação dos Moradores do Conjunto Residencial Hércules – possui moradores ativos no projeto, vem cedendo o espaço do salão para todas as reuniões, organizou o mutirão no ponto do arroio no residencial, tem acompanhado e alertado sobre a erosão no arroio que fica ao lado do campo de futebol;

  • Curso de História do Centro Universitário La Salle - UNILASALLE – veio conhecer o projeto através dos relatos da comunidade quilombola de Canoas e apresentou as lideranças entre si. Tem divulgado e apresentado técnicos para contribuírem com a proposta;

  • Centro Espírita de Umbanda Casa de Caridade Pai Thomé participou em reuniões do projeto e na coleta das águas, organizou mutirão no arroio em ponto na avenida Inconfidência, criou e vem divulgando o projeto em blog dentro de seu site, incluiu exposição do projeto em dois eventos dentro da sua programação, foi parceiro na construção da cartilha e nos eventos dentro da 15ª Romaria das Águas;

  • Programa Cantando as Diferenças – CIPP, juntamente com IPESA ULBRA, divulgou o projeto convidando para participar do movimento Romaria das Águas, incluiu em sua cartilha os dados do projeto divulgando para todo o país;

  • Associação de Moradores do Bairro Fátima – participou de reuniões do projeto e na coleta das águas, organizando o mutirão no arroio no ponto entre Bairros Mato Grande e Fátima;

  • Associação de Moradores do Moinhos de Vento – tem morador representante que freqüenta regularmente as reuniões para divulgação na comunidade. Participou do ato de alerta pela natureza da cidade;

  • Central de Laboratórios da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas – colaborou com o projeto com resultados de estudos publicados;

  • Associação Remanescente de Quilombo Chácara das Rosas – iniciou movimento em sua comunidade para conhecer o arroio e participação em sua história, participou na coleta das águas durante a Romaria;

  • Pastoral da Ecologia da Paróquia Imaculada Conceição – Bairro Rio Branco – organizou divulgação do projeto na missa com o tema ecológico, participou em reuniões e no mutirão no arroio no bairro Mato Grande, foi parceira na 15ª Romaria das Águas;

  • Parceiros Voluntários – Canoas – participou em reuniões convidando as escolas para Tribos na Cidadania, acompanhou o andamento das atividades e indicou o projeto para concorrer ao Premio Parceiros Voluntários pelo trabalho realizado pela Tribo Garra da Escola Margot Giacomazzi;

  • Alfonsin Tecnologia – criou, orientou e auxiliou o projeto na criação de recursos tecnológicos sem custos;

  • Departamento de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC) – movimentou a Associação Canoense de Artes Visuais - ACAV – para exposição através de uma reunião onde o projeto foi apresentando resultando na criação de uma obra artística inédita;

  • 5º COMAR – acompanhou o andamento das atividades do projeto e participou organizando mutirão no arroio no ponto no Centro da cidade, onde ele passa na entrada de suas dependências;

  • Movimento Romaria das Águas – nascido nas Ilhas do Guaíba, envolvendo cidades de toda sua bacia hidrográfica, este movimento veio conhecer e passou a divulgar o projeto do Rio Guri, participando na coleta das águas em sua nascente. Desta divulgação resultou o envolvimento das comunidades de Viamão e Alvorada em coletas das águas das nascentes dos arroios Nunes e Feijó para participação da 15ª Romaria;

  • Secretaria Municipal de Educação – convidou o projeto para palestra em reunião de educação ambiental, participou na coleta das águas da nascente e passou a acompanhar e divulgar as atividades;

  • Projeto Peixe Dourado – Escola M. Carlos Drumond – participou do mutirão em maio com educandos e passou a contribuir com dados e informações. Participou na coleta das águas na nascente do Araçá e foi parceiro na 15ª Romaria das águas, quando organizou a chegada das águas da nascente do Rio dos Sinos em Canoas, quando se encontraram águas das nascentes do Araçá e Gravataí;

  • Projeto Canoas que te Quero Verde – ACADEF – conheceu a proposta do projeto e organizou uma reunião e duas saídas de campo com o Ônibus Ambiental, quando foram coletadas as águas da nascente na Fazenda Guajuviras para participação na 15ª Romaria das Águas;

  • Associação Canoense de Artes Visuais- ACAV - divulgou o projeto entre diversos artistas canoenses e a situação do Araçá através de escultura do artista plástico Gilberto Fettuccia que criou obra específica que ficou em exposição no Centro Comercial e através de reportagens em jornais;

  • Pastoral da Saúde da Paróquia São Luis – Bairro Centro – participou de reuniões do projeto, organizou encontro com o pároco para divulgação e participação na missa cujo tema foi Água e Saúde. Também esta pastoral atua juntamente com a comunidade do extremo norte do dique, a beira do Araçá, fazendo um trabalho de conscientização;

  • Escola O Acadêmico – vem convidando o projeto para apresentação através de palestras na Semana Interna de Prevenção de Acidentes – SIPAT organizado pelo curso de Segurança no Trabalho. Tema: Prevenção e Proteção Ambiental;

  • Colégio Ulbra Cristo Redentor – acolheu a idéia de conhecimento e cuidado com o arroio, tendo o Curso de Meio Ambiente organizado encontro entre escolas e Sempa em 2006. Neste ano participou do mutirão com os cursos de Meio Ambiente e Química fazendo coleta e análise das águas do arroio e divulgando na exposição na Semana do Meio Ambiente;

  • Organização de Preservação Ambiental Araucária – ONG – venho conhecer o projeto a partir do meio do ano e passou a participar das reuniões. Esteve nas saídas de campo para realização e fotos e vem divulgando o projeto através de seu site;

  • Curso de Geografia do Centro Universitário La Salle (UNILASALLE) – acompanhou o projeto online e participou do ato de alerta. Tem a proposta de envolver os educandos a partir de 2009;

  • Ivonete Chiden Pereira – professora, autora do livro Canoas: da estância a urbanização que tem sido referência para as informações histórico geográficas do projeto. Participa eventualmente das reuniões do projeto, indica locais para palestras e participou do ato pela natureza da cidade;

  • Hugo Simões Lagranha Netoadvogado, participa regularmente das reuniões e contribui com orientações na área do dever e do direito ambiental. Acompanhou o projeto em visitas de campo, participou no mutirão de limpeza e no ato pela natureza da cidade.

Canoas, Arroio Araçá e Desenvolvimento Sustentável

O Projeto Ambiental Arroio Araçá ‘Nosso Rio Guri’ vem acompanhando o movimento das obras do novo Distrito Industrial que ocupará parte da área da Fazenda Guajuviras em Canoas. Ali se encontra a principal nascente deste manancial. Em reunião dos integrantes do projeto, em 17/04/07, a comunidade presente colocou sua preocupação com este empreendimento e quanto as suas condições de implementação para que não atingisse esta área de proteção ambiental. Na ocasião o representante do SEMPA presente tranqüilizou o grupo colocando que o projeto prevê muros de proteção respeitando a metragem que requer a lei.

Em março de 2008 iniciaram-se as obras. Neste mesmo mês, pelo dia da água 22/03, o Projeto iniciou sua participação na organização da 15ª Romaria das Águas que busca sensibilizar a população para a importância da preservação dos recursos hídricos e de toda a biodiversidade envolvida na região dos rios e arroios que formam o Lago Guaíba. As águas das nascentes são recolhidas como símbolo de cuidado com a natureza imaculada na qual não devemos tocar e percorrem em romaria todas as cidades da bacia do Guaíba. O Comitesinos, outro organizador do evento, veio ressaltando sua defesa com o tema ‘A Mata Ciliar e a Biodiversidade’, convidando todas as cidades da Bacia do Sinos (Canoas uma delas) para a construção de uma cultura de respeito à natureza. Nosso Projeto contribuiu com a construção de uma cartilha que auxiliasse na divulgação deste movimento tão importante, divulgando na comunidade canoense e participando mensalmente nos encontros. Dentro da proposta da 15ª Romaria o projeto iniciou articulando o grande mutirão de limpeza em oito pontos do Arroio Araçá, em 31 de maio de 2008, que abriu a VIII Semana Municipal do Meio Ambiente com o tema ‘Afaste a Poluição das Águas’, acreditando que a comunidade, integrada, com conhecimento e apoiada, cuida de seu ambiente.

Dentro das diversas atividades que foram ocorrendo o Projeto do Rio Guri reuniu crianças, jovens e adultos na Fazenda Guajuviras, no final de julho e início de agosto, captando as águas da nascente principal do Arroio Araçá para participar pela primeira vez na Romaria. Na ocasião verificou o andamento da obra do Distrito Industrial, na altura da Estrada do Nazário, adentrando pela fazenda. Em ambos os momentos os grupos abraçam a nascente do Araçá e fazem orações num pedido de proteção para esta vida. Em setembro, sabedores deste movimento em Canoas, representantes de Alvorada, com apoio de nosso projeto, passam a participar da Romaria com as águas das nascentes do Arroio Nunes e Feijó. Em outubro a porção da nascente do Araçá junta-se às dos Sinos e do Gravataí percorrendo Canoas num movimento de conhecimento e cuidado para se reverter a poluição. No dia 12 elas juntam-se as outras mais no evento que reuniu milhares de pessoas nas margens do Guaíba para o Rito das Águas.

Em novembro os jornais da cidade passam a destacar em manchete notícias de denúncias sobre o desmatamento exarcebado na fazenda. A obra foi embargada. Preocupados com as notícias integrantes do projeto foram em 14 de novembro visitar a nascente do arroio na área para verificar em que condições se encontrava. Foi detectado que o desmatamento ocorreu em vários locais espalhados pela fazenda, atingindo inclusive a nascente do Arroio Araçá. O desmatamento não atingiu somente eucaliptos e outras espécies de árvores e vegetação nativa, mas também a principal nascente de nosso 'rio guri' e outras áreas de nascentes ainda não conhecidas.

Esta visita resultou no relatório enviado para jornais e integrantes do projeto, culminando no movimento em favor da natureza de Canoas que ocorreu no Calçadão nos dias 12 e 13 de dezembro. 2008 foi um ano de muita ação.
Para ter cópia do relatório link http://www.opaaraucaria.org.br/
Projeto Arroio Araçá, Nosso"Rio Guri" Download(3700Kb)

Em nossa cidade, a exemplo da Amazônia e outras áreas noticiadas pelo Brasil, para ter empreendimentos implantados vem sendo desconsiderada a natureza, contrariando o tão falado desenvolvimento sustentável. Temos visto tantos espaços abandonados após terem sido ocupados por empresas que, esgotando o interesse por aquela área, mudam-se deixando asfalto e cimento sobre a natureza que ali existia.

No que tange as questões hídricas a Fazenda Guajuviras é um potencial de áreas de nascentes que ainda não conhecemos. Entende-se por nascente o afloramento do lençol freático, que vai dar origem a uma fonte de água de acúmulo (lagoas e banhados), ou cursos d’água (arroios e rios). Em virtude de seu valor inestimável dentro de qualquer propriedade deve ser tratada com cuidado todo especial. Assim é nossa cidade (rica em banhados) e não temos reconhecimento do valor natural destas áreas. Os banhados além de alimentarem arroios e manterem os níveis dos rios controlam o clima da região. Muitas vezes, tais locais são aterradas, inclusive com lixo, para, posteriormente, serem utilizadas para construção de habitações e empresas. Além de sofrermos o problema da estiagem como conseqüência, estas ações contribuem para a contaminação dos lençóis freáticos. O desmatamento é outra importante agressão ao lençol freático. Quanto maior a cobertura vegetal, mais tempo a água permanece sobre o solo, diminuindo a evaporação e aumentando a quantidade daquela que irá infiltrar-se e atingir o lençol. Esta relação entre processo de desenvolvimento e preservação ambiental em nossa cidade necessita de muita discussão. A situação está bastante acentuada pelo processo de degradação do ambiente, especialmente dos recursos água e solo.

Foto retirada da comunidade do orkut Canoas minha Terra

Pode-se observar, por exemplo, com a urbanização da cidade, ao longo de seu trajeto, o Arroio Araçá está cada vez mais rodeado de residenciais, como atualmente vem acontecendo na rua Açucena. Em seus dois lados nosso 'rio guri' deve ter a atenção necessária para se verificar se está sendo devidamente respeitada a legislação quanto a metragem em sua faixa de domínio (30 (trinta) metros de largura, em ambas as margens), pois a terraplenagem esta iniciada. É importante salientar que além do valor natural existe o valor histórico dos locais em nossa cidade que não vem sendo observados. A exemplo da Fazenda Guajuviras, a Fonte Dona Josefina, outra nascente que alimenta o Arroio Araçá, e a mata nativa que a envolve, também estão descuidadas. O alerta que nosso projeto vem trazendo não é nenhuma novidade. Como consta em nossos arquivos o falecido professor Fernando Gosmann, nos anos 80, defendia ardorosamente a recuperação do Arroio Araçá questionando se a qualidade de vida da população valia ou não o investimento. Da mesma forma um grupo de trabalho do La Salle veio reunindo depoimentos de moradores da cidade para registrar nossa história pela voz do população, que resultou na série de livros Canoas: para lembrar quem somos: “...a formação e a evolução da cidade surgirá como obra de seus moradores...”

“Estão aterrando as vertentes que são uma coisa das mais lindas."
‘Seu Neno’ Bairro Estância Velha – Canoas
1997 Rejane Penna e outros.

A Fonte Dona Josefina é destaque por sua beleza e por ser importante local de encontros e vivência no passado. Hoje, esquecida e escondida na beleza da mata nativa, como tantas outras belezas que aqui existiam, corre o risco de desaparecer.
É grande nossa preocupação com o descaso para as questões ambientais causado, muitas vezes, pela desinformação sobre a geografia, a história e a biologia de nossa cidade, assim como com as regras ambientais vigentes. Nosso dever de preservar, alertar, debater e buscar por soluções está aliado ao nosso direito de termos orgulho de uma cidade bonita, com planejamento ambiental, e isto envolve diretamente a sua população. Temos muito para ser uma cidade com pontos turísticos como, certamente, muitos canoenses gostam de ver e ir visitar por aí a fora.


O Jornal O Timoneiro publicou na época do desmatamento na fazenda o movimento do Projeto Arroio Araçá: Nosso Rio Guri dando o alerta.



O Arroio Araçá em seus aspectos culturais

A poesia de Mario Quintana os Arroios foi a fonte de inspiração para a criação do nome deste projeto que começou a se estruturar no ano de seu centenário (2006). Utilizando-se do mapa criado pelo artista plástico Fernando Lima foram feitas várias apresentações sobre a localização do Araçá para se iniciar esta história de conhecimento para a busca da preservação. Ao longo destes anos estão se agregando vários outros trabalhos artísticos que abaixo irão sendo listados, contribuindo com a sensibilização através de diversos olhares. Este é um trabalho onde o ambiente local está integrando a comunidade.

1. Poesia - 'O Q é Q Foi, O Q é Q há?!'
Hermínio Mino Evangelista
Postado na comunidade do orkut ARROIO ARAÇÁ ‘preciso de amigos’ em depoimentos - 29/03/08
Fico um tempo a refletir;
Construções por todos os lados...
Na ânsia de progredir,
Até mesmo pequenos riachos são desviados.
E eu pergunto: O que é que foi, o que é que há?!
Até quando o concreto armado nos consumirá?
Arroio Araçá, quem te viu quem te verá?!
Até quando o lixo, o descaso te sufocará?!
Quantas as crianças que de ti irão lembrar?
Destroem lentamente um precioso mancial
E de que águas iremos no futuro nos beneficiar?
Em uma cidade que não pensa sequer em esgoto cloacal
O que se esperaria do sufocamento do Arroio Araçá?
O Q é Q Foi, O Q é Q há – Aonde vamos parar?

2. RAP - 'Arroio Araçá'
Lucas, Estevão e Maicon
Turma 53/Escola Municipal João Paulo I
Trabalho exposto no mural do projeto na escola,
em junho, na VIII Semana Municipal do Meio Ambiente
e apresentado no Conjunto Comercial para a Defesa Civil,
em novembro de 2008.

To chegando pra falar do Arroio Araçá...
Se tu ajudar vai se conscientizar,
isto serve para muitos
e também para a gente...
se poluir o Araçá
vai prejudicar muita gente.
Se levante da cadeira,
não joque sujeira,
não faça besteira,
se tu poluir o arroio
tu vai se prejudicar.
Sabe de que arroio tô falando?
Do Arroio Araçá.
Agora uma mensagem pra vocês eu vou mandar...
não destrua o Araçá
ele pode ajudar
se poluir o Araçá
ele pode até secar.
Tem gente entrando na mata a dentro
arrancando árvores, destruindo...
Eu não entendo!
Se você quiser pode ajudar
não poluindo os rios,
principalmente o Araçá,
assim você vai preservar
porque mais tarde
voce vai precisar...

3. Música - 'Uma Escolha'
Letra: Masaaki Alves Funakura

Música: Douglas Lang de Freitas
Lançamento em 07 de outubro de 2008, na semana interamericanadas águas, na Escola Estadual Margot Giacomazzi, dentro das atividades da Garra Tribos dos Parceiros Voluntários.
Vamos acordar para ver o que está a nossa volta
Tanto sofrimento sem saber por quê
Quero abrir os olhos para ver que há um mundo bem melhor
São as histórias que eu quero contar aos meus filhos e netos
Que a minha infância se passou no Arroio Araçá
Agora só me resta a esperança de um lugar bem melhor pra se viver
Tudo o que eu quero é voltar pra ver a vida no arroio onde cresci
Eu quero passar tardes de domingo com você
Mas tanto sofrimento se saber por quê
São as histórias que eu quero contar aos meus filhos e netos
Que a minha infância se passou no Arroio Araçá
Agora só me resta a esperança de um lugar bem melhor pra se viver
Tudo o que eu quero é voltar pra ver a vida no arroio onde cresci
Só depende de você fazer, isto acontecer!

4. Escultura - 'ARROIO ARAÇÁ PEDE AJUDA'


A obra pelo autor:
Ao elaborar a escultura, procurei transmitir o sentimento de cumplicidade com o meio ambiente e com a história da cidade. Erramos com o arroio por falta de conhecimento – confundindo arroio com “valão”, e desconhecendo a importância deste recurso hídrico no passado, no presente e futuro. Erramos por desmerecer a força da natureza e a ação destruidora do progresso em prol da humanidade. A escultura sobre uma base em formato de 'pegada ecológica' é constituída de uma árvore – um pé de araçá – estilizando a silueta de um indígena preocupado com a agonia das águas, simbolizada através de uma sereia em mutação. Desolado e pensativo o indígena elabora ações para convidar a todos aqueles que reconhecem a importância de preservar, recuperar e viabilizar o meio ambiente para viver melhor em harmonia – progresso e natureza, unidos por um bem maior – a água. Ao escolher os materiais para compor a obra, optei pelo reaproveitamento: restos de madeira, arame, jornal, papel colorido, argila e cola a base de água e farinha de trigo. Como acabamento, utilizei mosaicos de papel colorido para compor a riqueza das cores, a luz, a sombra, enfim o eterno movimento que se encontra na natureza. O Arroio Araçá precisa de amigos, de pessoas comprometidas e conscientes de que são através de pequenas ações, mas constantes, que podemos melhorar nossa existência onde vivemos. Apoio o projeto “Arroio Araçá: nosso rio guri”, procuro conscientizar e semear a preservação do meio ambiente através da Arte.
Gilberto de Castro Fettuccia

Em 2009, nos 70 Anos de Canoas, por ocasião da Feira do Livro, o autor apresenta nova versão da obra, agora em acrílico sobre tela.

- CONSCIENTIZAR PARA PRESERVAR -

Araçá - um Patrimônio de Canoas

“Tudo é constantemente modificado em nome do ‘progresso”.
As memórias do passado e a diversidade criada pela natureza são destruídas a cada dia.
Não se respeita nem a História
(as tradições e obras das gerações anteriores)
nem a Natureza

(os ecossistema em diversidade).
Para que as futuras gerações tenham uma idéia da riqueza do que foi produzido no planeta,
para que sobrevivam amostras de todos os valores produzidos
pela Natureza ou pela História,
é necessário definir esses patrimônios,
que são áreas consideras intocadas,
protegidas,
resguardadas
contra a ambição...”
Palmiro Sartorelli Neto



Com o desenvolvimento de Canoas várias foram as transformações que nem sempre respeitaram a memória cultural e natural da cidade. Cabe a nossa geração preservar o que ainda resta para as gerações futuras, como nos é garantido na Constituição Federal: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.
Cada vez mais se verifica que as mudanças e as transformações das cidades são importantes e salutares, desde que se estabeleçam regras. É necessário que o poder público estimule a preservação do patrimônio da cidade para garantir que os avanços tecnológicos, urbanísticos e arquitetônicos pelo qual deva passar a localidade mantenham protegido o bem comum.
Equívocos históricos de dilapidação vem se repetindo na promessa de melhoria da qualidade de vida da população, que na realidade comprometeram significativamente o patrimônio natural de Canoas. Os acontecimentos na Vila Mimosa e na Fazenda Guajuviras em 2008 são exemplos. Outros são o que vem acontecendo com a Fonte Dona Josefina e no entorno do Arroio Araçá com o crescimento dos residenciais e condomínios fechados. Sem a preservação pública na figura do tombamento o patrimônio de bem comum fica desprotegido e nas mãos de interesses particulares. O tombamento tem se mostrado uma importante ferramenta neste sentido, para conter os já conhecido efeitos dos grandes empreendimentos que tanto tem prejudicado a preservação de culturas, do meio ambiente e a urbanização das cidades.
Preocupados com a rápida degradação e sabedores de novas propostas que estão por se implantar em Canoas, como novo Parque Industrial, e as Rodovias do Parque e do Progresso, verifica-se a necessidade de um planejamento integrado de desenvolvimento das regiões na cidade. No intuito de contribuir destacamos o seguinte:

1. PATRIMÔNIO NATURAL
O patrimônio natural compreende áreas de importância ‘preservacionista’ e histórica, áreas que transmitem à população a importância do ambiente natural para que nos lembremos quem somos, o que fazemos, de onde viemos e, por conseqüência, como seremos. Quem não tem na lembrança histórias que envolvam a paisagem? Todas estas lembranças fazem parte da nossa história. Perde-las é, além de dano ambiental irreversível, uma perda da memória da cidade e, acima de tudo, a perda da qualidade de vida da população. A preservação tem sido discutida mundialmente e o tombamento de áreas naturais vem ao encontro dessa nova visão ‘preservacionista’.
Além da Fonte Dona Josefina com toda a sua memória, uma das nascentes que ainda restam e que alimentam o Araçá, podemos citar outro ponto do arroio que tem valor natural relacionado com o cotidiano do Quilombo de Canoas, Chácara das Rosas, no entorno do Araçá, na avenida Inconfidência, registrado no Relatório da Comunidade no INCRA.

2. PATRIMÔNIO DOCUMENTAL
Na preservação do patrimônio, é necessário conservar vários registros da vida da população para entender seu modo de viver, pensar, crer e produzir numa determinada época e lugar. Quanto mais documentos, indícios, testemunhos e registros afirmarem que o fato ocorreu, maior a certeza científica da verdade dos fatos que eles revelam. A vida em sociedade deixa marcas, registros, documentos, fontes de pesquisa cujos registros ordenados são documentos, pois a comparação entre eles lhes atribui status de registros sobre fatos verdadeiros.
O Projeto do Araçá vem reunindo testemunhos como na pesquisa realizada pelo La Salle publicado com o título Canoas para lembrar quem somos; no Relatório do Quilombo das Rosas e em recortes de jornais antigos, mostrando o trabalho do falecido professor Fernando Gossmann e da ASCAPAN, e que esta defesa não é de hoje.

3. PATRIMÔNIO AMBIENTAL
Refere-se a um bem natural que, dado seu valor em termos de biodiversidade, valor econômico ou paisagístico, merece ser protegido pela sociedade. Muitas vezes as áreas que constituem patrimônio ambiental são protegidas dentro de parques nacionais ou estaduais. É o que acontece com o Arroio Araçá em sua principal nascente, na Fazenda Guajuviras, uma Área de Proteção Ambiental (APA), e em sua foz, que se localiza no Parque Delta do Jacuí. Porém o restante de sua área está a mercê de interesses particulares que, pela falta de conhecimento, não é visto como bem público. Ainda existe muita riqueza na sua biodiversidade a ser preservada.

4. PATRIMÔNIO HISTÓRICO
Pode ser definido como um bem material, natural ou imóvel que possui significado e importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética para a sociedade. Estes patrimônios fizeram parte das sociedades passadas, por isso representam uma importante fonte de pesquisa e preservação cultural.
Canoas iniciou sua história com estâncias de veraneio por ser uma região com potencial natural privilegiado. A urbanização e a alteração dos recursos naturais desencadeou um processo de degradação ambiental cujos efeitos são sentidos ainda nos dias atuais e requerem a adoção de medidas urgentes para minimizar principalmente porque influenciam na qualidade de vida.

5. PATRIMONIO CULTURAL
Em virtude do acima descrito consideramos este manancial, com toda sua biodiversidade, também, um patrimônio cultural da cidade. O texto da constituição federal de 1988, em seu artigo 216, já reconhecia a dupla natureza material e imaterial dos bens culturais, estabelecendo tanto o tombamento quanto o registro.
É de fundamental importância que comecemos a explorar, no meio acadêmico e técnico, uma estrutura pública de cuidado com esses bens culturais, que possam organizar:
1- Inventário, pesquisa, registro e difusão de bens histórico-culturais que envolvem o arroio, como, por exemplo, a Fonte Dona Josefina: 2- Publicação de obras de referência sobre o Araçá; e 3- Projetos educacionais que contribuam para a transmissão dos conhecimentos tradicionais e para a preservação dos aspectos físicos e ambientais que dão suporte à existência de manifestações do patrimônio imaterial. O Projeto do Rio Guri vem fazendo a sua parte.

Integrantes do Projeto do Rio Guri apresentaram este material à nova gestão da cidade em 06 de março de 2009.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

3 razões para cuidar do nosso 'rio guri'



A Ecologia vem recebendo atenção central pela presença marcante e necessária na vida cotidiana. Dificilmente passamos um dia sem registrar uma referência as questões do Meio Ambiente e seus efeitos abrangentes através de notícias sobre o clima, a fauna, a flora, a água, o lixo, e etc... Grande parte das vezes tais notícias levantam problemáticas. Isto nos leva a ter uma reflexão crítica sobre o fenômeno da consciência ecológica. Sendo um tema presente em nossas vidas é preciso verificar o quanto estamos, realmente, envolvidos, buscando conhecer e contribuir para com nossa realidade local e global.
Em 2005 iniciou o movimento para conhecimento e defesa deste arroio exclusivamente canoense. Ele abarca em seu leito duas unidades de conservação do município: sua principal nascente é no Parque Guajuviras, desembocando no Parque Delta do Jacuí. Atualmente sendo desenvolvido por sete (7) escolas, vinte e sete (27) entidades apoiadoras e vários colaboradores, vêm buscando conhecer sua realidade envolvendo educadores, educandos, pais, artistas, poder público e toda comunidade local na sua preservação.
A defesa pela preservação do Arroio Araçá levanta três questões que buscam levar a sociedade, inicialmente, a conhecer e investiga-lo, para movimenta-la na percepção de que a realidade é expressão da relação de cada um com o meio em que vive e que tal relação começa dentro de cada um.


1º - A Presença Histórica: em mapa datado de 1884 verifica-se que as terras canoenses foram repartidas entre três dos herdeiros de Pinto Bandeira e o Arroio estava lá limitando os lotes. A cidade iniciou-se a partir de estâncias de veraneio tal era sua riqueza natural, cresceu em torno do Araçá e tudo isto deve ser reconhecido pela população;


2° - O Recurso Hídrico: a quantidade de água que envolve o planeta ainda deixa seu povo na ilusória crença de que os dados lançados sobre risco de escassez é somente alarde. Tal qual em Canoas, rodeada de água por todos os lados, podemos estar acreditando que não corremos este risco. Porém, a situação local do nosso Arroio mostra, como a nível global, de que forma vamos destruindo nascentes, desviando os cursos dos rios, poluindo e esgotando mananciais, interferindo em todo ecossistema envolvido;


3° - A Saúde Pública: não é mais admissível que, com todo o conhecimento, toda a tecnologia e legislação atual, se continue a poluir e contaminar a água que bebemos. O Arroio Araçá serve como via de escoamento de esgoto e tem sido utilizado como depósito de lixo dos mais variados, sendo que no final de seu curso encontra-se um dos pontos de captação de água para a cidade.

Em 17/01/09, em encontro na Secretaria do Meio Ambiente as propostas e os materiais construídos pelo Projeto do Rio Guri foram apresentados aos novos gestores.

Nosso Rio Guri

Trecho do Arroio Araçá dividindo os residenciais Hercules, Bela Vista e Moinhos de Vento
Canoas está localizada no ponto final de três bacias hidrográficas: dos rios Jacuí, Gravataí e Sinos, e dois deles têm sido notícia freqüente nos últimos tempos pela poluição e contaminação. Tendo uma importante participação no ecossistema da região, os rios que circundam Canoas recebem a contribuição das águas dos arroios que fazem divisas com os municípios vizinhos. Ainda há o arroio Araçá que é totalmente canoense, nasce na Fazenda Guajuviras e atravessa a cidade, desembocando no Arroio das Garças com cerca de 8 quilômetros, segundo alguns estudos. Qual a função e a importância dos arroios? Eles que passam por entre as cidades e estão diretamente ligados ao dia-a-dia das populações, que muitas vezes não sabem que deles dependem. Em reportagem de 0utubro de 2006 no jornal da cidade (Diário de Canoas – Geral, pg.20) verifica-se que estudos do Projeto Monalisa (plano estadual de mobilização para o cuidado com as águas que restam) denunciam descaso com os arroios. Eles, que são as artérias produtoras de águas que contribuem para a formação dos rios, têm ficado em último plano de atenção, pois o impacto dos resultados da poluição e da contaminação tem se mostrado a partir de onde desembocam. A bacia hidrográfica do Arroio Araçá originalmente abarcava cerca de 10% da região de Canoas. Fala-se originalmente porque, com o processo de urbanização, o arroio Araçá veio sofrendo vários impactos. O aterro nos terrenos alagadiços em seu entorno para composição de loteamentos, a alteração de seu percurso e canalização em alguns trechos, vem reduzindo a produção e vazão da água. Além disso, ao longo de sua bacia foram sendo construídos cemitérios, hospital, postos de combustíveis, postos de lavagem, oficinas de pintura, áreas de cultura hortigranjeira, além dos residenciais que vão aumentoando, cujo risco da falta de gerenciamento ecologicamente seguro pode acarretar em alta contaminação. Ele ainda recebe contribuição de esgoto, pois Canoas possui rede mista (pluvial e cloacal), quando o ideal seria receber somente as águas da chuva por rede pluvial, separada da rede de esgoto. Com o investimento do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento serão implantadas novas redes e ramais de esgotos e espera-se que este problema comece a ser revertido. Em várias partes, ao longo do Araçá, também, encontramos invasão e construções irregulares que não obedecem aos limites legais de 30 metros a partir de sua margem, despejando seu esgoto doméstico e dejetos diretamente nas águas. Nos novos loteamentos podemos observar o depósito de restos de materiais de construção na margem e dentro deste arroio, poluindo e destruindo inclusive a mata ciliar que resta. Com o mau cheiro e triste visual a população tem acreditado que o Araçá é um ‘valão’ que o setor público deve fechar. Se tratarmos assim todos os arroios, em alguns anos, teremos, também, que canalizar os rios. A água deste arroio também chega em nossas torneiras, pois um dos pontos de bombeamento e coleta (ETA – Estação de Tratamento de Água) fica a cerca de 500 metros de onde desemboca o Araçá.
Em 2005 iniciou-se um movimento no Residencial Hércules, Bairro Estância Velha, para conhecimento e defesa deste manancial que culminou no que, hoje, é o Projeto Ambiental Arroio Araçá: Nosso Rio Guri, inspirado na poesia ‘Arroios’ de Mario Quintana.

domingo, 14 de junho de 2009

Que pena me dão os arroios...


Imagem do arroio na rua Santo Expedito/Pinhal, 
entre as ruas Alexandre Gusmão e São Joaquim, 
no Bairro Estância Velha.

Muitos estudos vem sendo feito para destacar a importância dos arroios como um ecossistema com fauna e flora que contribuem com os grandes rios que banham as cidades. Os arroios são sistemas naturais de drenagem, e, com a urbanização, devido a impermeabilização do solo, tem, ainda, a importante função de escoar a água da chuva, que cada vez mais tem sido uma das maiores problemáticas ambientais.

Porém, erroneamente, com a modernização das cidades o planejamento urbano veio jogando também o esgoto dentro destes mananciais, como uma solução paliativa. E o lixo, outro grande problema ambiental atual, segue o mesmo caminho. As cidades vão crescendo, as construções aumentando e estes pequenos cursos d'água acabam por serem vistos como empecílios às construções imobiliárias. Suas margens são desmatadas, seus banhados aterrados, e numa sequência de ações terminam por serem cobertos, servindo de canal de esgoto. Muitos canais e valas foram, no passado das cidades, belos arroios que sua população não conhece por não ter sido deixado o histórico-geográfico. Mais adiante, lá no rio, as águas poluídas por esta população são bombeadas e tratadas para ela mesma beber. Daí a importância da educação ambiental no sentido de conhecer para cuidar.

A preservação destes mananciais como importantes elementos no ciclo natural da água é outro ponto crucial na educação ambiental, para romper com este círculo vicioso na poluição.

OS ARROIOS



Os arroios são rios guris...

Vão pulando e cantando dentre as pedras.

Fazem borbulhas d'água no caminho: bonito!

Dão vau aos burricos, às belas morenas,

curiosos das pernas das belas morenas.

E às vezes vão tão devagar

que conhecem o cheiro e a cor das flores
que se debruçam sobre eles nos matos

que atravessam e onde parece quererem sestear.

Às vezes uma asa branca roça-os,

súbita emoção

como a nossa

se recebêssemos o miraculoso encontrão de um Anjo...


Mas nem nós nem os rios sabemos nada disso.

Os rios tresandam óleo e alcatrão

e refletem, em vez de estrelas, os letreiros das firmas que transportam utilidades.

Que pena me dão os arroios,

os inocentes arroios...


Mario Quintana

Arroio Araçá, Canoas e sua História

Canoas/RS - Brasil,Cidade: Canoas/RS
População: 329.175 habitantes
Expectativa de vida: 71,4 anos
Taxa de analfabetismo: 4,36%
Mortalidade infantil: 12,67 por mil nascidos vivos
Possui o segundo maior PIB do estado e é a segunda em retorno de ICMS.
Canoas, de acordo com a Fundação de Economia e Estatística do RS, possui a terceira melhor qualidade de vida do Rio Grande do Sul. Devido ao grande número de indústrias, entre elas a Refap, Agco, Springer Carrier, entre outras, possui um alto nível de desenvolvimento e geração de renda. Outro destaque é o acesso à educação, sendo que na cidade existem três grandes universidades: Ulbra, Unilasalle e Uniritter. Contudo, mesmo com o crescimento, existe no município uma grande desigualdade social, decorrente da falta de empregos de boa parte da população, principalmente a mais carente que, por visualizar melhores perspectivas de vida, migra de outras cidades para o município.
(dados retirados do relatório Parceiros Voluntários em 2008)

O conquistador Francisco Pinto Bandeira, que recebeu da Coroa portuguesa, em 1740, uma área com três léguas de comprimento e uma de largura ao longo da margem direita do Rio Gravataí. No local, foi instalada a sede da Fazenda do Gravataí (atualmente bairro Estância Velha). Em 1771, com a morte de Francisco, as terras passaram para o filho, Rafael Pinto Bandeira. A história registra o ano de 1871 como o início do povoamento de Canoas, quando houve a inauguração do primeiro trecho da estrada de ferro que ligaria São Leopoldo a Porto Alegre. Canoas pertencia aos municípios de Gravataí e São Sebastião do Caí. Com a morte de Rafael em 1795 as terras passaram para sua filha Rafaela Pinto Bandeira Freire, assim como, com sua morte em 1884 as terras foram divididas entre os herdeiros, como mostra o mapa abaixo, onde o Arroio Araçá é ponto de divisa entre as fazendas.

O major Vicente Ferrer da Silva Freire, filho de Rafaela, então proprietário da Fazenda Gravataí, aproveitou a Viação Férrea para transformar as terras em uma estação de veraneio. Ponto de referência obrigatório, o local passou a ser designado Capão das Canoas. Logo, as grandes fazendas foram perdendo espaço para as pequenas propriedades, chácaras e granjas.
Em 1908, Canoas é elevada a Capela Curada, tendo por santo São Luiz Gonzaga. Este era um título oficial dado pela igreja católica a uma vila com determinada importância econômica e populacional. A obtenção desse título era fundamental para o desenvolvimento das aglomerações urbanas do interior brasileiro entre os séculos 19 e início do século 20, uma vez que somente se podia criar uma freguesia nos locais onde havia um povoado que contasse com a instalação de uma capela curada.
Em 1937, a instalação do 3º Regimento de Aviação Militar (RAV), hoje o 5º Comando Aéreo Regional (V Comar , foi decisiva para a emancipação. Em 1938, assume a condição de Vila e em 1939 torna-se cidade e sede de município pelo Decreto Estadual nº 7.839. Em 15 de janeiro de 1940 foi instalado o município de Canoas.

A cidade vista da Ilha das Garças, em cujo canal desemboca o Arroio Araçá. Ao fundo o morro do Chapéu. (Foto retirado do orkut do amigo Hugo Lagranha Neto)

Nos anos de 1980/90 a bacia hidrográfica do Arroio Araçá passa a sofrer as consequências da urbanização acelerada, e surgem notícias de alerta e movimentos em sua defesa. 
Em 2005 um grupo de educadoras dá início ao projeto do Rio Guri intensificando o movimento de estudos e sensibilização da comunidade para a preservação deste manancial e sua biodiversidade.