Nosso Rio Guri

Nosso Rio Guri

domingo, 12 de dezembro de 2010

Canoas Minha Terra... Canoas Minha Querência...

MINHA QUERÊNCIA
&
PROJETO RIO ARAÇA
NOSSO RIO GURI


APRESENTAM

Fatima Gimenez
'Suplica de um rio'

Não deixem morrer meu rio
me ajudem por favor...


http://culturadaquerencia.blogspot.com/2010/12/projeto-arroio-araca-apoio-minha.html#comment-form

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

I Congresso da Cidade - 1ª Etapa: Seminários

O I Congresso da Cidade de Canoas será um momento em que sociedade civil e poder público poderão, através do diálogo, construir juntos um planejamento do futuro da cidade para o período de 2011 a 2021. A participação e o envolvimento de todos nas etapas do congresso resultará em uma estratégia pensada para a cidade dos próximos dez anos.
A 2ª etapa consiste na realização de plenárias populares nos quatro quadrantes da cidade de Canoas, tendo como objetivo o debate e a colheita de propostas para serem encaminhadas
ao I Congresso.
A 3ª etapa será a realização do I Congresso da Cidade de Canoas, reunindo o resultado da 1ª e da 2ª etapas, votando as mesmas através dos delegados eleitos, ouvindo palestrantes nas áreas
e traçando as diretrizes do planejamento da cidade para os próximos dez anos que seguirão (2011-2021).
A participação dos canoenses no processo de construção do futuro da cidade se efetivou durante o segundo dia de Seminários Temáticos. Isso porque, mais do que participar dos debates, a população se mostrou realmente interessada em planejar junto ao poder público os próximos anos de Canoas...Para o prefeito, este processo preparatório ao Congresso tem qualidade, pois recolhe opiniões e sonhos da comunidade, que se transformam em projetos.
“Que esta seja uma cultura da cidade, pois expressa a vontade dos cidadãos; que nossos filhos e netos dêem sequência”, convidou Jairo. Conforme ele, muitas vezes Canoas fracassou pela ausência de unidade e acabou sendo dividida. Agora é a oportunidade de buscar e consolidar uma estratégia construída coletivamente, democraticamente. “Queremos uma estratégia feita por milhares de mãos, mentes e corações. Demos hoje um passo vigoroso, com todos vocês damos forma ao projeto de Canoas”, concluiu o prefeito.
Por Amanda Utzig Zulke - Seminário elege os delegados do I Congresso - Site da Prefeitura de Canoas - sábado, 4 de dezembro de 2010

Encerrando a mesa com os palestrantes, na 1ª Etapa - em 03/12/10 - os Secretário Paulo Ritter, Celso Barônio e Luis Carlos Bertotto.

Ritter, da Secretaria da Educação, apresenta o preâmbulo da Carta da Terra: 'Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que, nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações.'

Barônio, da Secretaria do Meio Ambiente, fala sobre a questão do cuidado com arroios e rios de forma que os vejamos com tais e não como vias de esgotos sanitários. Sugere que as áreas dos arroios sejam transformados em parques, trabalhando na lógica da sustentabilidade, pensando na qualidade de vida para nossa cidade.


Luis Carlos, da Secretaria de Transporte e Mobilidade, destaca a necessária participação da comunidade para que as coisas aconteçam. Salienta que a população tem que pressionar para que a cidade se torne melhor, que diga o que pensa e deseja.


VISITE O BLOG -
http://www.congressodacidade.blogspot.com/

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

17ª Romaria das Águas encerra-se em POA.

No dia 12 de outubro de 2010 encerrou-se a 17ª Romaria das águas, a beira do Guaíba,... ...junto ao Gasômetro em Porto Alegre.
É quando acontece o Rito das águas: reunem-se todas as amostras coletadas nas nascentes da bacia hidrográfica do Guaíba.
E a amostra da Fonte Dona Josefina, nascente do Arroio Araçá,
estava lá representando Canoas, entregue por Luciana da Casa de Caridade Pai Thomé, participante do Projeto do Rio Guri.
Depois é dada a bênção...
...e as águas são entregues ao Guaíba. Este ano o ato é realizado por gestantes.


Tenho muita alegria por poder participar da organização deste evento e por ele oportunizar às águas do Rio Guri estarem juntando-se as outras mais no grito de alerta para o cuidado com as fontes de vida.
Belezas como esta não podem ser colocadas no lixo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

17ª Romaria das águas da nascente do Araçá

29/08/10 -
água da nascente recebe a Imagem de Nossa Senhora das águas na sede da Fauers.

02/09/10 -a Mãe das Águas e amostra da nascente seguem para casa da Mãe Rose no bairro Harmonia. 04/09/10 - Romaria das águas segue para a Paróquia Sagrado Coração de Jesus no bairro Harmonia.
05/09/10 - entrega da Rainha da Ecologia e da amostra da água da nascente na paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Mato Grande.
06/09/10 - após receber a Imagem da Senhora das Águas equipe da Secretaria da Cultura vai até a nascente para coletar água da Fonte Dona Josefina, patrimonio cultural e natural da cidade.

06/09/10 - na última parada em Canoas da imagem da Nossa Senhora das Águas a amostra da nascente do Araçá fica na casa do Pai Paulinho no bairro Estância Velha.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Nascente do Arroio Araçá recebe romeiros

No belo domingo de 22 de agosto, crianças, jovens e adultos, representantes da comunidade canoense, religiosos, professores, assim como visitantes de cidades vizinhas, estiveram na Fonte Dona Josefina para realizar a coleta da água desta nascente. Esta amostra percorrerá a cidade com a imagem de Nossa Senhora das Águas que chega na cidade no domingo - 29/08/10, ás 15h,
na sede da FAUERS, rua Fernando Abott nª 159 - Bairro Nossa Senhora das Graças.
Para ver programação do roteiro da santa clique aqui: http://www.fauers.com.br/meio_ambiente/romaria_das_c1guas.html#Prog_Romaria

Água que nasce, nascente;

Água que verte, vertente;

Água que corre, corrente;

Água é vida, vivente.

A nascente na fonte Dona Josefina verte naturalmente de forma intermitente, em maior ou menor proporção, protegida a 104 anos pela sensibilidade do antigo dono das terras, que levantou uma proteção em volta do olho d'àgua.

Hoje a nascente depende da sensibilidade da comunidade e o Projeto do Rio Guri busca informar, divulgar, para que a preservação aconteça. Participando do movimento Romaria das Águas as águas desta nascente se unem a outras mais, da bacia do Guaíba, num ato de pedido de cuidado e valorização deste bem natural.

Venha juntar-se a nós!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Cuidando e insistindo no cuidado de todos

Agora é a vez do Arroio Araçá ser cuidado na altura do Campo do Residencial Hércules.
Esta comunidade solicitou desde o início do projeto esta atenção.
No ínicio de 2009 o local apresentava um perigoso desbarrancamento e foi visitado pela Sec. do Meio Ambiente
Em abril de 2010, com o aumento das chuvas, a situação se agravou e entramos em contato, novamente, com a secretaria.
Na ocasião do evento Prefeitura na Rua, em maio deste ano, na Praça da Hércules, novamente a comunidade solicitou atenção para o local devido ao avanço do desbarrancamento.
E a resposta veio:
Este é um exemplo que, quando a comunidade adota seu espaço, e auxilia na vigilância, as ações acontecem.
Não podemos desistir do que é nosso!
Está aí a Fonte Dona Josefina para confirmar.
Precisamos deste olhar de valorização e cuidado para a preservação da natureza que ainda nos resta.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Lançada a 17ª Romaria das Águas

Através do convite da FAUERS, da Coordenadoria da Diversidade, do Projeto Arroio Araçá: Nosso Rio Guri, com apoio do Gabinete do Vereador Nelsinho, foi lançada em Canoas a 17ª Romaria das águas em 23 de junho de 2010.

Em grande expediente na Câmara de Vereadores de Canoas, atendendo requerimento do Vereador Nelsinho Metalúrgico, o evento transcorreu com a presença do Irmão Antonio Cechin e demais religiosos, além das pessoas ligadas as áreas de meio ambiente, educação e social.

Em seu pronunciamento o Vereador Nelsinho destacou a importância deste movimento citando as diversas entidades que lutam em defesa do meio ambiente e integram a romaria, fazendo uma homenagem aos representantes das áreas que vem trabalhando em defesa dos recursos hídricos, pela importância para o Meio Ambiente, Saúde e História da cidade.

Irmão Antonio Cechin - Movimento Romaria das águas, Vereador Nelsinho, Celso Barônio - Secretário do Meio Ambiente e Prof. Maria Inês Pacheco - articuladora do Projeto Arroio Araçá: Nosso Rio Guri

Líder fundador deste evento o Irmão Antônio Cechin enfatizou que, além de movimento religioso, a Romaria é uma mobilização social com o objetivo de chamar a atenção de todos para a importancia da água em nossas vidas e da situação deste elemento vital no cotidiano das cidades.

Vários representantes do Projeto do Rio Guri estiveram presentes: integrantes da Pastoral da Ecologia, Casa de Caridade Pai Thomé, Axé Jovem, das ONGs Bem Me Quer e Araucária, da Uniaxés, Quilombo Chácara das Rosas, Coordenadoria da Juventude, o artista plástico Gilberto Fettuccia, as profs. Ivone Bolico, Elisabete Fettuccia e Mª Helena Flores e a FAUERS, cujo Presidente, Everton Alfonsin, entregou um projeto de participação da federação na Romaria com solicitação para que este movimento faça parte do calendário de eventos de Canoas. Também, convidou a todos para a primeira reunião de organização do Romaria no sábado - 03/07/10, ás 9h, no santuário de Nossa Senhora Aparecida das Águas, localizado na Ilha Grande dos Marinheiros.

Através dos encontros que se inicia nesta data é que vai se formatando a romaria, com definicões de datas de coletas nas nascentes, roteiro e conteúdo de peregrinação da Santa, definição das participações das cidades que fazem parte da Bacia Hidrográfica do Guaíba e organização necessária durante todo o período do evento e para o dia 12 de outubro.

Destacam-se ainda as seguintes presenças neste lançamento:
Porto Alegre – Pastoral da Ecologia, Movimento Social da Ihas do Guaíba
Viamão – Coordenadoria da Diversidade e Pastoral da Ecologia
Alvorada – ONGs Se Ame, Acata, Centro Africano Iemanjá e Oxalá Fraternidade Ogum Beira Mar, Ilê Axé Oba, Centro Africano Inhançã e Bará;
Esteio – Coordenadoria de Políticas, Secretaria de Arte e Cultura, Grupo Unir Raças;
Canoas – Frei Wilson Dallagnol da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Secretarias da Educação e Desenvolvimento Social, Associação das Mulheres Negras, ONG Uriel, Coordenadoria da Igualdade Racial, Coordenadoria da Mulher, Comunidade Negra, Conselho de Cultura, Centro Espírita de Umbanda Oxum Maré e Ogum Beira Mar, CRAOT - Conselho Regional do Ambiente e Ordenamento do Território.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Muita Espuma no Arroio Araçá

O Projeto do Rio Guri recebeu o seguinte e-mail:

Olá!
Consultei o seu Blog pois não conhecia a histório do Arroio Araça. Moro em Canoas a pouco tempo e fico chocada com o descaso de todos com esse arroio.
Hoje pela manhã ao passar pela Rua Inconfidência, perto dos Condomínios de Luxo na "cidade nova" me deparei com uma cena assustadora: uma montanha de espumas entre as árvores onde passa o arroio.A montanha era tão alta que não acreditei quando vi! Fui até minha casa e peguei a máquina fotográfica para registrar esse absurdo.E o mais assustador é que casas e condomínios luxuosos contornam esse "desastre ambiental" pacificamente - é o "luxo e o lixo" convivendo em harmonia.
Grata pelas ricas informações de blog!

Att
Sheila Costa


Obrigado por estar acompanhando e denunciando a situação. Aguardamos a dois anos pela averiguação da problematica e estaremos novamente solicitando providências.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fonte Dona Josefina é entregue revitalizada à comunidade canoense

Há anos inutilizado por causa do lixo, local pretende ser novo ponto de lazer.

Amanda Montagna/ Jornal Diário de Canoas - 09/06/2010

Uma das principais nascentes do arroio Araçá, a Fonte Dona Josefina foi revitalizada e entregue ontem como parte da programação da Semana do Meio Ambiente. O serviço, realizado pela Secretaria do Meio Ambiente, consistiu na limpeza dos 400 m² de área, desassoreamento (remoção de entulhos) e plantio de nova vegetação. O local agora é considerado Área de Proteção Permanente (APP).De acordo com a diretora de Educação Ambiental, Estela Peuckert, foram removidos cinco caminhões de lixo. Após análise da Corsan, a água foi classificada como imprópria para o consumo. Próximas ações devem incluir o cercamento e a iluminação.

Lembranças resgatadas

A Associação Beneficente Caminhos da Paz também colaborou com a limpeza. O presidente, Hélio Gomes dos Santos, conta que há 30 anos sua família buscava água ali.’’Mesmo sem poder utilizar para este fim, o importante é resgatar a memória e trazer o natural de volta’’, enfatiza. Embelezada por flores e pássaros, que voltaram a frequentar o ambiente, a paisagem modificada chamava a atenção para o que será considerado um novo ponto de lazer no município. O aposentado Raul de Oliveira Moraes, 56, revivia lembranças do passado. ‘‘Isso era muito bonito. As senhoras lavavam roupas e depois estendiam nas árvores’’, recorda.


Ação não é pontual

Construída em 1904, dentro da propriedade de Antônio Lourenço Rosa, o nome é uma homenagem à esposa de Rosa. Por muitos anos, a Fonte Dona Josefina serviu de pernoite e de ‘bica’ para tropeiros que iam em direção a Tramandaí, já que a estrada que passava pela hoje avenida Santos Ferreira era uma das principais vias de ligação com o Litoral. Anos depois a vertente foi lacrada devido ao lixo e à contaminação do lençol freático provocada pelo cemitério Santo Antônio, que fica do lado oposto à fonte. Para a diretora de Educação Ambiental, Estela Peuckert, o trabalho não deve ser visto como pontual. ‘‘É um processo permanente no qual a comunidade deve estar envolvida para garantir a sustentabilidade.’’

Foto: Vinicius Carvalho/GES

Fonte Dona Josefina - agora um belo ponto de lazer


A Fonte Dona Josefina recebeu atenção especial para a semana do meio ambiente de 2010. Através do trabalho da Associação Espírita Beneficente Caminho da Paz, juntamente com Secretaria do Meio Ambiente, foi realizada a remoção de entulhos e lixo do local, plantio de vegetação e paisagismo.



Esta nascente está recebendo a atenção merecida por todas. Parabéns pela iniciativa e vamos esperar que a população saiba valorizar e cuidar deste bem natural e histórico.

domingo, 13 de junho de 2010

ROMARIA DAS ÁGUAS 2010


FAUERS
Federação Afro-Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul,
COORDENADORIA DA DIVERSIDADE
E PROJETO ARROIO ARAÇÁ: NOSSO RIO GURI


Convidam para o lançamento da 17ª Romaria das Águas
Quarta-feira - 23 de junho de 2010, às 18h30m,
em grande expediente na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Canoas.
Há anos Irmão Antonio Cechin, a ONG Devoção Nossa Senhora Aparecida e moradores das ilhas do Guaíba, vêm chamando a atenção para a poluição, contaminação e destruição das nascentes e dos mananciais que formam a bacia hidrográfica do Lago, da qual nosso município é integrante. Nesta data será marcado o encontro inicial entre todas os segmentos interessados em organizar mais este importante movimente espiritual, ecológico, social e cultural. PARTICIPE!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ARROIO ARAÇÁ e o PAMPA GAÚCHO

Eu quero andar nas coxilhas sentindo as flexilhas das ervas no chão ter os pés roseteados de campo ficar mais trigueiro com o sol de verão Fazer versos cantando as belezas desta natureza sem par e mostrar para quem quiser ver um lugar pra viver sem chorar É o meu Rio Grande do Sul, céu, sol, sul, terra e cor Onde tudo que se planta cresce E o que mais floresce é o amor Eu quero me banhar nas fontes E olhar horizontes com Deus E sentir que as cantigas nativas continuam vivas para os filhos meus Ver os campos florindo e crianças sorrindo felizes a cantar e mostrar para quem quiser ver um lugar pra viver sem chorar. "Céu, sol, sul, terra e cor" do cantor gaúcho Leonardo.
Esta música, considerada um hino de amor ao Rio Grande, ilustra o ambiente que os ecologistas gaúchos querem defender. Nosso embate com o meio e descuido com ele vem transformando por demais a natureza.

O espaço natural é o resultado e, ao mesmo tempo, condição da reprodução social. Que tipo de violação de direitos há aí? Quais violências com a vida natural realizamos? O presente artigo procura descrever a paisagem inicial de Canoas dentro do bioma pampa e mostrar o que ainda resta dela dentro do espaço urbano atual, na tentativa de sensibilizar a sociedade canoense, pois, depois que o ecossistema local estiver totalmente destruído não teremos mais o que recuperar.

"Nossos olhos já estão tão acostumados à paisagem local, que perdemos a sensibilidade para enxergar os detalhes da grande riqueza que nos cerca. Riqueza que estamos perdendo ao adotarmos sistemas de produção e culturas incompatíveis com nossa realidade ambiental e climática". Enga. Agra. Eridiane Lopes da Silva Chefe da APA do Ibirapuitã/ICMBio/RS

O Bioma, conjunto de ecossistemas de mesmo tipo, em nossa região é denominado de Pampa. Ele estende-se por boa parte do Rio Grande do Sul, seguindo pela Argentina e pelo Uruguai. Também chamado de Campos Sulinos é um Bioma único no mundo. Em nenhum outro lugar do planeta são encontradas as espécies de plantas e de animais e, também, as expressões sócio-culturais das populações associadas a ele. A principal característica do pampa é sua cobertura vegetal rasteira que forma campos planos ou ondulados por coxilhas, tendo a participação de capões cuja vegetação mais densa, arbustiva e arbórea, se localiza ao longo dos cursos d’água.

O relevo gaúcho é bastante variado, com planalto ao norte, depressões no centro e planícies costeiras. A cidade de Canoas localiza-se na área da Depressão Central tendo as Coxilhas como características. Coxilha é uma colina localizada em regiões de campos, podendo ter pequena ou grande elevação, em geral coberta de pastagem.

“O solo canoense é formado por várzeas e coxilhas areníticas do sistema da campanha bordejam a cidade e são revestidas de capões e campos limpos. Predominam solos derivados de sedimentos aluviais recentes, mal drenados, ácidos, pobres em nutrientes e bastante influenciados pela presença de água. Foram famosos os capões nativos que outrora fizeram de Canoas bela e preferida estação de veraneio. Constituídos geralmente de aroeira, cedro, louro, guajuvira e outras espécies, a vegetação classifica-se em: campestre, silvática e palustre. Com o intenso desenvolvimento industrial, Canoas teve sua vegetação original alterada. Atualmente a superfície de Canoas apresenta poucas áreas de vegetação nativa. Em 1892, o cientista sueco Lindmann classificou a região como "Savana com raros capões". A paisagem de Canoas tranformou-se com a ação do homem e os capões deixaram de existir para dar origem as áreas urbanizadas e industriais, restando alguns deles como o Capão do Corvo, transformado no Parque Getúlio Vargas.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_de_Canoas Imaginemos a paisagem que Francisco Pinto Bandeira deparou-se ao chegar por aqui. Uma área com planícies inundadas (banhados) e terrenos planos entre relevos coxilhados. O estabelecimento de sua estância como primeiro núcleo social na região culminou na criação de nosso município. Para construir a sede de sua fazenda escolheu uma das áreas altas da região: a Colina do Abílio. Hoje é a entrada da cidade através da rua Santos Ferreira, Bairro Estância Velha, chegando por Cachoeirinha. Chamada inicialmente de Capão das Canoas, era uma área constituída de cobertura vegetal de gramíneas, que favorecia a atividade pastoril, base da economia dessa época, associada à mata ao longo dos cursos d’água: os Capões. Num destes capões, onde hoje é o Bairro Niterói, o marido e o filho primogênito da neta de Pinto Bandeira - dona Rafaela - são mortos a tiro durante a Revolução Farroupilha. Também, entre outro destes capões, corria livre o arroio Araçá, que, com a morte de Dona Rafaela, dividia suas terras entre os herdeiros.

Um resumo desta história pode ser assistida em:
Capões, arroios e rios conquistaram os primeiros visitantes.

Atualmente as colinas e capões estão desaparecendo na urbanização. A rua Açucena, por exemplo, entre a rua Santos Ferreira e avenida Boqueirão, corta uma das antigas colinas, hoje coberta pelo asfalto.

Na foto, ao lado esquerdo, pode-se observar parte das árvores ligadas ao Capão do Corvo, fundos do Parque Getúlio Vargas. Até quando teremos esta paisagem? As alterações vêm com o tempo influenciando no meio ambiente, modificando a cadeia biológica e atingindo a fauna e a flora. A rua Santos Ferreira, a antiga Estrada da Aldeia, surgiu do caminho dos tropeiros que, vindos de Gravataí, passavam pela Colina do Abílio, indo até a estação ferroviária e Rio dos Sinos. Tem o nome do marido de uma das bisnetas de Pinto Bandeira, que herdou esta parte das terras. Esta área marca a parte mais alta da cidade onde se localiza os cemitérios e uma das nascentes do Arroio Araçá: A Fonte Dona Josefina em terreno de forte declive, que serviu antigamente de descanso para os tropeiros e seus animais, pois encontravam ali água pura e cristalina. Com seu crescimento Canoas foi se reestruturando conforme pode se observar na noticia abaixo, onde o Araçá é chamado de canal

Passando a Br 116 até o Parque Delta do Jacuí as áreas alagadiças que envolvem o Arroio Araçá estão desaparecendo. É preciso fazer uma releitura destas terras para as atuais e futuras gerações possam ‘enxergar’ as antigas coxilhas que elas possuíam, com seus campos naturais que se alternavam com capões de mato com límpidos cursos d´água. A paisagem que nos restou deve ser tombada também como patrimônio histórico uma vez que carrega consigo uma carga histórica que necessita ainda ser melhor conhecida por sua população. O Pampa por sua vez, também está para ser tombado como reserva da Biofesra pela UNESCO com o objetivo de conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável. E para aqueles que conheceram esta geografia em Canoas, resta a saudade das imagens vistas e das experiências vividas, como as do poeta abaixo.

domingo, 23 de maio de 2010

Pela permanência das feições naturais dos arroios

O Projeto do Arroio Araçá nasceu entre 2004 e 2005 quando moradores do residencial Hércules, no Bairro Estância Velha, verificaram que moravam ao lado de um arroio que não era por eles conhecido, e que muitos chamavam de valão. Envolvendo escolas, a associação e demais moradores da cidade passaram a reunir os materiais que encontravam sobre a história do município com aquele manancial. Ao mesmo tempo suas nascentes e seus afluentes iam sendo aterrados e canalizados, num processo rápido de urbanização. Muito mais rápido do que o de conhecimento sobre sua bacia hidrográfica. A idéia de proteção nasceu da pesquisa quando, na internet, foi localizado um texto sobre o Arroio Dilúvio dizendo que arroio não é valão. Era preciso correr muito para estancar o processo de 'enterramento' destas vidas que agonizam pela nossa falta de conhecimento, sensibilidade e responsabilidade.
É um processo necessário, urgente e contínuo.

Em 2008 inicia-se o projeto sobre o Arroio Dilúvio - “Habitantes do Arroio: estudo de conflitos de uso de águas urbanas, risco, saúde pública e comunidades étnicas em Porto Alegre-RS” é um projeto de pesquisa e ação, voltado para a descoberta das situações de conflito e interdependência entre grupos sociais diversos, instituições e técnicos de diversas áreas envolvidos cotidianamente com os usos (e abusos) das águas do Arroio Dilúvio, em Porto Alegre. O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), sendo executado pelo grupo de pesquisa Banco de Imagens e Efeitos Visuais (BIEV – Laboratório de Antropologia Social – UFRGS) e pela ONG Instituto Anthropos, com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Rio Grande do Sul (SEMA-RS). A pesquisa se vale da produção e da exibição de documentários, relatórios e narrativas visuais sobre as condições ambientais dos recursos hídricos em questão contrapostos à diversidade sócio-cultural de representações simbólicas, ethos e visão de mundo das populações que habitam a microbacia do Arroio Dilúvio quanto aos usos do solo e da água, visando à valorização do Arroio Dilúvio e do seu ecossistema como bem comum e essencial a toda a cidade.

...as negociações quanto ao solo urbano são mediadas pelo Município, pela Prefeitura. Ainda hoje, o direito a um saneamento adequado, e as obrigações quanto à destinação correta de efluentes são colocadas a partir de leis federais, enquanto que a gestão deste saneamento cabe ao município. Vemos se processar contemporaneamente esta lógica inversa em muitas cidades do Brasil, atingidas por cheias: a situação de emergência, de calamidade pública convoca o Governo Federal a tomar medidas para remediar a tragédia, os prejuízos. São certamente negociações políticas, mas pode-se também perguntar qual o papel dos demais atores nesta interdependência. Certamente, o reconhecimento desse processo de impermeabilização do solo por parte de quem volta seus projetos de construção para as regiões em torno dos arroios é fundamental, do empresário da construção civil, passando pelo futuro morador de um prédio, até o morador que constrói sua casa com a ajuda de sua rede de vizinhança.
...dessa luta contra a água e as áreas naturais no processo de urbanização que marca a memória ambiental de muitas cidades..., como inverter essa lógica conquistada do concreto sobre a terra a água? Sanear não é necessariamente “limpar”, mas a oposição entre a limpeza e a sujeira, como nos ensina a Antropologia, nos convoca a repensar a ordem do universo, a forma como ordenamos esse arranjo de moradas, avenidas e arroios.

Na alternativa contemporânea, de “renaturalizar” arroios no mundo inteiro,...não é mais necessário canalizar, “enterrar” arroios na cidade...
...novas possibilidades se apresentam contemporaneamente. A virada possível no saneamento contemporâneo é a necessidade de manter, ao longo dos arroios, a mata nativa, a vegetação constantemente cuidada, espaços largos onde a água da chuva que transborda possa ser absorvida. Ainda que se possa construir muros de contenção, diques e outras soluções, a permanência da feição “natural” do arroio, sua inserção no conjunto das obras das vias urbanas, dos espaços destinados à construção civil é fundamental, ou seja, uma nova urbanização se configura neste sentido.