Nosso Rio Guri

Nosso Rio Guri

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Água: Presente de Canoas.

 Outubro 2020

Semana Interamericana das Águas

Lançamento do Livro Canoas 80 Anos

Organizadora Ancila Dani Martins

Participação do Projeto Rio Guri

Conta a história que o território onde hoje se localiza a cidade de Canoas era habitado pelos índios Tapes quando chegou o Povoador Pinto Bandeira, firmando uma das residências para a família nas terras do atual Bairro Estância Velha. Seus descendentes aos herdaram o território criaram um dos primeiros mapas da região dividindo os lotes marcados pelo arroio local, o qual chamamos de Araçá. 

Eram tantas as belezas aqui que se formaram estâncias de veraneio, chegando cada vez mais e mais moradores até se formar uma vila. A partir de 1939 esta vila se emancipou e passou a ser o Município de Canoas.

1926 - Araçá na Inconfidência com BR 116, junto a ferrovia.

Professoras da cidade, em 2004, se reuniram no Bairro Estância Velha para firmar o compromisso de desenvolver a educação ambiental interdisciplinar a partir da história formada em torno do Arroio Araçá. Construíram propostas que se transformaram em projeto de cuidado com a natureza local e com a microbacia hidrográfica. Inspiradas em Mario Quintana e na sua poesia ‘Arroios’  chamaram o Projeto de Arroio Araçá Nosso Rio Guri.

No ano de 2019, nos 80 anos da cidade o Projeto completou 15 anos.

-Tu corres por esta terra, muito, muito, muito antes, de ser a nossa Canoas de 80 anos, rio guri.

Águas são o motivo da história deste nome, nesta região és um decano, mas, por tantos locais  tu some.

Teu trajeto foi alterado, em partes estás soterrado, em outras, encanado.

Tuas águas ressurgem através de tantas fontes, te lavando

e te ajudando a enfrentar tantos danos:

Água que nasce, nascente;

Água que verte, vertente;

Água que corre, corrente;

Água é vida, vivente!

A 15 anos nasceu um projeto para gritar tua defesa,

buscando tua história lá nas ações da coroa portuguesa,

resgatando  presença no tempo em que tua vazão seguia ilesa.

Vem reunindo com tua História  a Geografia e  a Biologia desta terra;

Somando ainda com as Letras que o Poeta Gaúcho expressou em versos.

Sim, os pequenos riachos que te atravessam, Canoas, minha terra, ‘são rios guris’:

Pequeninos, indefesos, ingênuos, clamando o cuidado com as águas pueris...

Águas que nascem, nascentes;

Águas que vertem, vertentes;

Águas que correm, correntes;

Água é vida, vivente!

E o querido poeta local Etevaldo Silveira descreveu em 2013,

num encontro em uma de suas nascentes,

 a jornada dos viajantes percorrendo estes espaços verdejantes.

 Corrias livre, acolhendo e alimentando os migrantes

que aqui paravam para descansar.

E assim ele contou:

“Eras a meta do sedento viajante que após comer o pó do chão batido ressequido pelos raios escaldantes do Astro Rei (que ditava no calor a lei) ao te alcançar parava, pois de teu frescor necessitava;

Eras a meta para onde apontava a seta que do dito ser brotava quando lhe despertava a sede, que também ansiava o carreteiro, o tropeiro, o cavaleiro e seu cavalo audaz  já sedento, mas capaz de no galope lento, ainda te alcançar;

Eras a meta, sim, mas não o fim, que almejava o cansado viajante,  que depois de cansativo andar matar a sede de cavalo e boi, debruçar o corpo em tuas pedras lisas, de tuas entranhas sorver o líquido e contemplar por entre elas a sede que se foi, seguir o rumo com o sol a prumo.

Mas o tempo peregrino que não volta é passageiro e escravo do destino deixou de ti só a presença da saudade. Triste e gostosa saudade que invade o coração de quem a sorte teve um dia de sorver-te o néctar, dádiva do criador, água cristalina das profundezas a subir. E ao encontro do sedento vir, e ao beijá-lo, deixá-lo desfrutar do teu frescor                  Fonte Josefina.”

Araçá: és patrimônio local, histórico e natural da cidade aniversariante

e aqui, bem pertinho onde estou, fica esta tua vertente,

fonte cantada pelo poeta que nos deu este presente.

Firmamos tuas belezas para não mais te tratarem com rudeza.

Nesta festa octogenária, em cujo ano seu projeto debuta,

Nas lembranças do poeta o lamento firmado se escuta:

‘Que pena me dão os arroios, os inocentes arroios’...

Então, num dia iluminado, de um agosto esfumaçado,

Para a tristeza esquecer a esta nascente vou descer.

Fonte Dona Josefina: Quero conversar contigo

me banhar na tua beleza, espairecer.

És meu sonho de menina onde encontro abrigo, 

na tua magia retomo energia, harmonia, alegria... 

onde encontro suavidade, colorido...

...Hó! E também, hoje, um amigo!

Quanto vigor e amor há no vôo do beija-flor.

Esta presença renova e reforça pela biodiversidade a nossa luta.

Por isso, Canoas minha terra, estou nesta labuta,

Sou devota das tuas águas, das suas belezas e valor,

 Por ti, e para ti, entrego meu trabalho com ardor.

Maria Inês Pacheco

Professora articuladora do Projeto Arroio Araçá Nosso Rio Guri

ecopedagogiamip@gmail.com

 A nascente Fonte Dona Josefina já carrega consigo parte da história de Canoas aliada a história das Famílias Pinto Bandeira, Santos Ferreira e dos Rosa.

Lucro do livro revertido para a Casa do Poeta na cidade.

https://www.diariodecanoas.com.br/noticias/canoas/2020/10/21/lucro-de-livro-sobre-a-historia-de-canoas-ira-para-a-casa-do-poeta.html?fbclid=IwAR3XfCmkvLDTg5vP3vqXDDiz4INaPtSMrsVRuvCmPqZcOQTNm-Vq-9YwKf4

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