Outubro 2020
Semana Interamericana das Águas
Lançamento do Livro Canoas 80 Anos
Organizadora Ancila Dani Martins
Participação do Projeto Rio Guri
Conta a história que o território onde hoje se localiza a cidade de Canoas era habitado pelos índios Tapes quando chegou o Povoador Pinto Bandeira, firmando uma das residências para a família nas terras do atual Bairro Estância Velha. Seus descendentes aos herdaram o território criaram um dos primeiros mapas da região dividindo os lotes marcados pelo arroio local, o qual chamamos de Araçá.
Eram
tantas as belezas aqui que se formaram estâncias de veraneio, chegando cada vez
mais e mais moradores até se formar uma vila. A partir de 1939 esta vila se emancipou
e passou a ser o Município de Canoas.
Professoras da
cidade, em 2004, se reuniram no Bairro Estância Velha para firmar o compromisso
de desenvolver a educação ambiental interdisciplinar a partir da história
formada em torno do Arroio Araçá. Construíram propostas que se transformaram em
projeto de cuidado com a natureza local e com a microbacia hidrográfica.
Inspiradas em Mario Quintana e na sua poesia ‘Arroios’ chamaram o Projeto de Arroio Araçá Nosso Rio Guri.
No ano de 2019,
nos 80 anos da cidade o Projeto completou 15 anos.
-Tu corres por esta terra, muito, muito,
muito antes, de ser a nossa Canoas de 80 anos, rio guri.
Águas são o motivo da história deste nome,
nesta região és um decano, mas, por tantos locais tu some.
Teu trajeto foi alterado, em partes estás
soterrado, em outras, encanado.
Tuas águas ressurgem através de
tantas fontes, te lavando
e te ajudando a enfrentar tantos danos:
Água que nasce, nascente;
Água que verte, vertente;
Água que corre, corrente;
Água é vida, vivente!
A 15
anos nasceu um projeto para gritar tua defesa,
buscando
tua história lá nas ações da coroa portuguesa,
resgatando
presença no tempo em que tua vazão
seguia ilesa.
Vem
reunindo com tua História a Geografia e a Biologia desta terra;
Somando
ainda com as Letras que o Poeta Gaúcho expressou em versos.
Sim,
os pequenos riachos que te atravessam, Canoas, minha terra, ‘são rios guris’:
Pequeninos,
indefesos, ingênuos, clamando o cuidado com as águas pueris...
Águas que nascem, nascentes;
Águas que vertem, vertentes;
Águas que correm, correntes;
Água é vida, vivente!
E o
querido poeta local Etevaldo Silveira descreveu em 2013,
num
encontro em uma de suas nascentes,
a jornada dos viajantes percorrendo estes
espaços verdejantes.
Corrias livre, acolhendo e alimentando os
migrantes
que aqui
paravam para descansar.
E
assim ele contou:
“Eras a meta do sedento viajante que após comer
o pó do chão batido ressequido pelos raios escaldantes do Astro Rei (que ditava
no calor a lei) ao te alcançar parava, pois de teu frescor necessitava;
Eras a meta para onde apontava a seta que do
dito ser brotava quando lhe despertava a sede, que também ansiava o carreteiro,
o tropeiro, o cavaleiro e seu cavalo audaz já sedento, mas capaz de no galope lento,
ainda te alcançar;
Eras a meta, sim, mas não o fim, que almejava o
cansado viajante, que depois de
cansativo andar matar a sede de cavalo e boi, debruçar o corpo em tuas pedras
lisas, de tuas entranhas sorver o líquido e contemplar por entre elas a sede
que se foi, seguir o rumo com o sol a prumo.
Mas o tempo peregrino que não volta é passageiro e escravo do destino deixou de ti só a presença da saudade. Triste e gostosa saudade que invade o coração de quem a sorte teve um dia de sorver-te o néctar, dádiva do criador, água cristalina das profundezas a subir. E ao encontro do sedento vir, e ao beijá-lo, deixá-lo desfrutar do teu frescor Fonte Josefina.”
Araçá:
és patrimônio local, histórico e natural da cidade aniversariante
e
aqui, bem pertinho onde estou, fica esta tua vertente,
fonte
cantada pelo poeta que nos deu este presente.
Firmamos tuas belezas para não mais
te tratarem com rudeza.
Nesta festa octogenária, em cujo ano
seu projeto debuta,
Nas lembranças do poeta o lamento
firmado se escuta:
‘Que pena me dão os arroios, os
inocentes arroios’...
Então, num dia iluminado, de um agosto esfumaçado,
Para a tristeza esquecer a esta nascente vou descer.
Fonte Dona Josefina: Quero conversar contigo,
me banhar na tua beleza, espairecer.
És meu sonho de menina onde encontro abrigo,
na tua magia retomo energia, harmonia, alegria...
onde encontro suavidade, colorido...
...Hó! E também, hoje, um amigo!
Quanto vigor e amor há no vôo do beija-flor.
Esta presença renova e reforça pela
biodiversidade a nossa luta.
Por isso, Canoas minha terra, estou nesta
labuta,
Sou devota das tuas águas, das suas belezas e
valor,
Por ti, e para ti, entrego meu trabalho com ardor.
Maria Inês Pacheco
Professora articuladora do Projeto Arroio Araçá
Nosso Rio Guri
A nascente Fonte Dona Josefina já carrega consigo parte da história de Canoas aliada a história das Famílias Pinto Bandeira, Santos Ferreira e dos Rosa.
Lucro do livro revertido para a Casa do Poeta na cidade.
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